Archive for Junho 2014
O cérebro, o que é? Há uma espécie de realidade, nítida apenas durante alguns instantes após despertar e que, depois, mesmo com a disciplina de anotarmos o enredo do que sonhámos, se desvanece. Os sentidos esquecem as sensações. Mas não somos nós que ativamente os esquecemos, são os sonhos que desaparecem da memória. Podemos até fazer um esforço por fixá-los, mas eles fogem sempre, abandonam-nos, deixam-nos a perguntar para onde foram todos os sonhos que já sonhámos.
Texto: José Luís Peixoto
Foto: João Carvalho
Longe do sítio
Onde me sento e descanso
Perto de um ribeiro manso
Onde rebola o meu versejar
Eu encontrei
Uma pedra de mil tons
Essa pedra tem toques raros
Uns maus e outros bons
Peguei nela devagar
Atirei-a ao céu
Tão longe e tão alto
Como se ele fosse meu
E ela voou e riscou
No céu como um lápis
Um nome nasceu
Com as cores do arco-íris
É raro termos a sorte
De ser cor das cores do céu
De ver de perto
Um pequeno troféu
Erguer-se num mundo incerto
E usar o mesmo olhar
E usar o mesmo respirar
E a mesma pedra de mil tons
Para dar cor ao luar
E ela voou e riscou
No céu como um lápis
Um nome nasceu
Com as cores do arco-íris
Texto: http://vidadaspalavras.blogspot.pt/
Foto: João Carvalho (Juromenha, Portugal, 2014)
“A paz cabe em qualquer lugar, nos grandes momentos e anda de mãos dadas com a simplicidade. ”
Texto: Karla Tabalipa
Foto: João Carvalho (Elvas, Portugal, 2014)
São as tintas dos olhos
que dão as cores ao mundo.
Com elas, pintamos sonhos
e fatos nunca vividos.
Os olhos fazem os sonhos
com a matéria do visto
do não-visto e do imprevisto.
Texto: Valter da Rosa Borges
Foto: João Carvalho (Alentejo, Portugal, Junho de 2014)
«Eis a única certeza: «não saber onde estou.»
Definitivamente perdido, definitivamente encontrado.
Texto: Eduardo Prado Coelho.
Foto: João Carvalho (Algarve, Portugal)
Deixa-te levar pela noite de verão… está escuro mas com certeza que encontrarás a clareza necessária para seguir o teu caminho. Tudo está dentro de nós…
Texto: Tristão de Andrade
Foto: João Carvalho (Elvas, 2014)
A memória é assim veloz e transitória, enquanto instinto de sobrevivência…
Queria desligar da corrente… Ou, em última instância, libertar-me das correntes que me aprisionam a alma e que não me deixam viver livremente, que é como quem diz, inconscientemente…
Nos arcos da vida, que todos sejam de “triunfo”, já que o arco-íris é efémero demais para ser um caminho a seguir…
O brilho das cores deste fenómeno natural triunfam em arte pura, mas são impossíveis de tocar, alcançar…
Os seus extremos vagueiam imediatos e perdidos. Eu também…
Texto: Eldazinha in http://vivemosdemomentos.blogspot.pt
Foto: João Carvalho (2014)
Viver é um rasgar-se e remendar-se.
Texto: Guimarães Rosa
Foto: João Carvalho (Algarve, Portugal, 2014)
Num lugar verde entre as colinas
Num pequeno vale isolado e silencioso
Que agora floresce profusamente
Ecoa um homem são, guloso e duro
Banhado pela névoa, é fresco e delicado
Como trigal de inverno e linho não maduro
Um homem humilde que nos seus anos juvenis
Sabia tanto de loucura como a que tinha feito
A sua primeira masculinidade exercera
Ficara esse amor perdido marcado no seu peito
E do sol, e do ar com brisa
As influências doces tremem por entre a sua camisa
A sua alma na calma sente a necessidade de sentir
Este caminho ou aquele caminho por cima dessas colinas
A invasão, o trovão e as raivas felinas
E todo o choque de ataque calado
E conflito indeterminado – agora dito
Por acaso e na sua ilha nativa
Carne e gemidos ecoam debaixo deste sol abençoado
Texto: Raul Cordeiro
Foto: João Carvalho