Archive for Outubro 2010
Esplendor…. Leave a comment
A vida 1 comment
É vão o amor, o ódio, ou o desdém;
Inútil o desejo e o sentimento…
Lançar um grande amor aos pés de alguém
O mesmo é que lançar flores ao vento!
Todos somos no mundo >,
Uma alegria é feita dum tormento,
Um riso é sempre o eco dum lamento,
Sabe-se lá um beijo de onde vem!
A mais nobre ilusão morre… desfaz-se…
Uma saudade morta em nós renasce
Que no mesmo momento é já perdida…
Amar-te a vida inteira eu não podia.
A gente esquece sempre o bem de um dia.
Que queres, meu Amor, se é isto a vida!
Poema: Florbela Espanca
Foto: João Carvalho
O TEMPO SABE A POUCO 1 comment
O dia vai longo na tarde Cai o Sol no horizonte Quando sem quereres e saberes Me apareces defronte Olho-te e dispo-te com o olhar Da pouca roupa que vestes Pedes-me para parar Ainda que por breves instantes Preferes estar comigo a sós Escondida ao pôr-do-sol Ao fim da tarde beijar-me E cobrires-me com teu lençol Bem enrolados os dois No emaranhado de um corpo Passa depressa a noite O tempo sabe-nos a pouco De manhã de novo o Sol Refresca nosso calor Bem alto no horizonte Ilumina nosso amor Foto: João Carvalho Poema: Raul Cordeiro
Caminhas Leave a comment
Indiferente, leve e segura Segue à frente da vida Ciosa de uma paixão Que não é proibida Indiferente, leve e segura Ergue a cabeça e corre Para os braços de alguém Daquele amor que não morre Indiferente, leve e segura O futuro e já agora Um imenso presente Que espera à tua porta Indiferente, leve e segura… Texto: Raul Cordeiro Foto: João Carvalho
Era (só) a Lua nos teus olhos 1 comment

Tarde, noite ou madrugada
Era a Lua nos teus olhos
De medo alvoraçada
Eram pássaros e ninhos
Tarde, vento, remoínhos
Era a Lua nos teus olhos
Brilhantes, pequenininhos
Eram sóis e gotas de chuva
Tarde que cai na noite feita luva
Era a Lua nos teus olhos
Carmim cor de uva
Eram dias e noites e dias
E manhãs e tardes sombrias
Era a Lua nos teus olhos
Tristezas e mordomias
Eram só semanas e anos
Para séculos de desenganos
Era a Lua nos teus olhos
Com seus respiros ufanos
Era todo o tempo que fosse
Seria teu, tua posse
Era a Lua nos teus olhos
Dos amores os meus restolhos
Vagueio SOLITÁRIO no colo da tua NUVEM 1 comment
Vagueio solitário no colo da tua nuvem
Por cima de vales e colinas
Sou teu anfitrião à sombra daquele calor
Junto do lago da tua humidade
Esvoaço e danço nas tuas brisas felinas
Como a mentira pela verdade
Cintilam as estrelas em sua via
Entendem-se em céus intermináveis
Ao longo das margens da tua baía
As ondas junto de ti se enrolam
Ondas brilhantes de alegria
Um poeta não poderia ser mais alegre
Em tão bela companhia
Muitas vezes, quando no meu divã estou
Em vago ou pensativo humor
Elas brilham sobre aquele olho interno
Que é a felicidade da solidão
De um pensamento encharcado em dor
E o meu coração se preenche
Na palma suave da tua mão.
Texto: Raul Cordeiro
Foto: João Carvalho
O elogio da minha loucura 1 comment

Que escutem os meus pés em cativeiro
Se o tempo cavou ruínas na minha pele
Foi porque ele, o tempo, chegou primeiro
Procuro
Num espelho, a companhia de um sorriso
Sei que é loucura odiar todas as rosas
Sei que é loucura perder o juízo
Mas que façam o elogio do louco
É por agora
Apenas o que preciso
Quero sentir quem sou
Se sou muito ou pouco
Se sou assim
Antes que o tempo
Na sua escavação
Descubra os vestígios
Que não sou louco
Não… Texto: Raul Cordeiro Foto: João Carvalho